sexta-feira, 6 de maio de 2011

Enquanto é tempo

Há muito não falava por este meio. Há muito falava só para mim. Há muito não falava: ninguém ouvia. É inusitado porque existem aqueles que querem ouvir. É preciso continuar falando... alguém ouve.

Vamos falar mais baixo
Vamos parar para escutar
(Gilmarley song – Kid Abelha)

- Porém falar de quê? Acho tudo é tão banal.
- Não é tão banal como parece...

Era para ser sido mais uma reunião burocrática: coisas a resolver, decisões a tomar, posições a assumir, mas antes de tudo isso era uma reunião de amigos. Momento para falar do que somos, o que esperamos e tememos. Do curso, de nós, da vida. Foi conversa em torno da mesa, na cozinha: o milagre de partilhar o alimento e a palavra, aquilo que entra e aquilo que sai pela boca, de partilhar o que somos. Palavra que nutre, que fala do futuro, do passado, do hipotético, do presente. Do presente ... Veio em nós a vontade de repetir aqueles momentos. De estar sempre juntos e de ser companhia. De sermos presentes.

- Foi aquele mais um encontro?
- Sim.

Somos marcados por um Encontro. Eu queria fugir, mas o encontro está lá: bate à porta e quer entrar – é incrível como estou impregnado de um discurso que me assusta, porque não me leva a pensar, mas a experienciar.
Todavia, existem os maus encontros. Há aquilo que nos sufoca, que nos persegue. Se fosse um bom encontro prosseguiríamos, seguiríamos adiante. Se o encontro é o certo ele nos liberta, não nos prende, nos faz sentirmos mais inteiros. Faz-nos felizes e cientes das dificuldades que podemos enfrentar e com a força suficiente para superá-los.
(não esqueça: romper com as dificuldades é mais difícil que tomar consciência delas)
É preciso força e a coragem de uma companhia para nos ajudar a escolher, a acreditar, a entender que mesmo que lento o pulso ainda pulsa, titanicamente. E enquanto pulsar, tudo é possível.

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