domingo, 21 de fevereiro de 2010

Amigos, escolhidos

Sexta-feira. Repentinamente, sou surpreendido por uma pergunta:
- Aqui onde você mora, quem é seu amigo? Quem é a primeira pessoa com quem você que encontrar quando acorda?
Confesso que fiquei alguns segundos - minutos, talvez - pensando, sem ter uma resposta na ponta da língua. Quantos nomes passaram pela minha cabeça. (!) Respondi um nome qualquer,continuei sem me dar a resposta e fiz brotar infinitas questões. Quem é meu amigo?
Certa vez, ouvi dizer que "amizade não se faz, se reconhece". Frase verdadeira sob determinado aspecto, uma vez que dentre todos aqueles com quem nos encontramos, nem todos serão objetos do nosso sentimento, da nossa afeição e amor. Para aquela pergunta, não tenho só uma resposta. Tenho amigos (no plural).
Pessoas vão.Pessoas voltam. Marcam.
Quantas pessoas passam por nossas vidas sem que sejam percebidas? Não conseguiria perceber todos, me perderia em tamanha diversidade de tipos, gostos e rostos; porém, alguns me são dados como presente - não nascem da minha vontade imaginativa e, mesmo assim, me completam de modo admirável. Amigos para além de perfis de orkut. Amigos que são os mesmos ainda que distantes no espaço. Amigos, escolhidos com quem dividimos a vida. Aprendo que não terei meus amigos para sempre (...quantos deles ficaram pelo caminho de nossas escolhas...), o que importa são os momentos que passamos juntos. Me alegro em saber que terei a presença de alguns deles em breve.
Amigos que vem. Amigos que vão. Em trânsito,amigos.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Cinemato(grafia)


A sétima arte tem ocupado um lugar nas férias que nunca antes ocupara. Mostra, sessões, leituras e programa de um cinema, quelquefois, inintelígivel e comovente. Porque absurdo. Porque real.

“O nascimento de uma ideia é precedido por uma longa gestação, por um processo inconsciente para o gestante” (Clarice Lispector, in A bela e a fera)

A 13ª Mostra de Cinema de Tiradentes fez valer a pena o encurtamento de minhas férias em Passos pelos amigos que encontre, por tudo que vi e pelos filmes (de qualidade) que assisti. “Elvis e Madona” se enquadra nesse time.
À primeira vista, o título do filme me fez acreditar que iria assistir um documentário sobre os dois maiores ícones do século XX, da pós-modernidade,a partir de um olhar brasileiro. Ledo engano. Casualmente, li uma breve referência ao longa e descobri que iria assistir a história de outros Elvis e Madona: o filme conta a história entre a lésbica Elvis – que, na verdade,é Elvira – e travesti Madona - interpretado pelo ator Igor Cotrim, ex- A Fazenda – de um modo inteligente e (por que não?) lírico. Pelo desfecho, um verdadeiro conto de fadas do nosso tempo que, como qualquer outro conto de fadas, dialoga com a sociedade em que surge. Por entre linhas e sem ser apelativo “Elvis e Madona” nos pergunta em qual tipo de sociedade queremos viver.
Caberia uma discussão a partir do ponto de vista psicanalítico sobre o filme – que não sei se posso levar adiante – uma vez que sendo a narração de um relacionament entre um homem e uma mulher (biológicos), a relação se dá em outro nível, já que o papel masculino cabe a Elvis enquanto o feminino à Madona.
Um filme leve que discute uma questão tensa, para alguns ramos da sociedade, sem esteotipia e que mostra que sempre é possível escrever uma história de amor.