quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Releitura

"Da janela vejo fumaça, vejo pessoas"

Antes de todo o resto, preciso dizer o quanto me surpreendi nos últimos dias com referências ao Articulações Reticulares, sobre o que é escrito aqui. Tentativas de pensar melhor. Fala de amigos antigos e novos, leitores assíduos e esporádicos, que me alegraram bastante ao saber que aquilo que escrevo pode fazer sentido para outros que não eu. Preciso, portanto, agradecer: muito obrigado por me cobrarem textos novos e atualizações frequentes; tento fazer o máximo para mantê-lo atualizado, mas a vontade é morta pelo tempo curto e por minha falta de disciplina.

Ao ouvir referências sobre o blog, resolvi me debruçar sobre tudo aquilo que escrevi. Sou dependente da letra impressa no papel. Imprimi tudo, levei para casa e li os textos escritos há mais de um ano e gostei – o suficiente – do que fiz. Textos escritos com várias possibilidades de compreensão conforme o leitor que a ele tem acesso.

Graças a um convite, compreendi que a comunicação é uma via de mão dupla e dinâmica: a mensagem – ainda que escrita ou sob qualquer forma de registro – muda de acordo com quem a lê e o momento em que é recebida. O sentido é transitório e eternamente novo. O sentido de muito o que escrevi mudou para hoje. Ao reler tudo. É muito bom ler coisas que eu mesmo escrevi com um olhar mudado. Pelo processo.

Quid animo satis?

A pergunta que me guiou nos últimos dias (e ainda vai me guiar por muito tempo) e que surgiu daquilo que tenho passado é justa para todos aqueles que querem ter clareza diante da vida: o que satisfaz a alma?

Somos marcados por uma presença. Sempre. Todavia essa presença não se faz perceber de forma óbvia: o descobrir uma presença é marcada por um encontro. Somos sucessivos encontros que nos afetam por períodos e formas diferentes, construindo nossa história pessoal. Encontros resolutivos que podem resolver muito do que vivemos. Encontros novos, construtores de novos tempos na vida de cada um.

Me surpreendi com um telefonema. Me alegrei com um convite: quem são esses com quem me encontrei ontem? Não são os mesmos com quem estudei, mas que me fazem lembrar dos adolescentes que fomos um dia.

Ter ido ontem à casa daqueles que estudaram comigo me fez lembrar momentos da minha vida e revivê-los sem nostalgia, mas com a certeza que foram vividos. O imperfeito não participa do passado. Poder tocar assuntos que outrora somente tangenciados, se expressaram de modo aberto diante de amigos.

A lembrança, a memória é um reconstruir o vivido. Redotá-lo de significado e, portanto, de sentimento. Trazer o que estava afastado no tempo e no espaço para perto de si; um lançar-se voltando naquilo que fomos.

Percebo que cresço, que avanço. Com meus diminutos passos.